Dois engenheiros e uma farmacêutica encontram-se no Bar Sé La Vie (Braga) para falar de organizações, robôs sociais e neurociência. A sua missão é simples: explicar os respectivos projectos de doutoramento ao público leigo que, se tudo correr como habitualmente, vai encher a sala.
Quatro meses depois de lançada, a iniciativa PubhD UMinho tem cada vez mais seguidores e a quarta sessão, no dia 28 de Abril, pelas 21 horas, em Braga, reúne três investigadores, em fases distintas dos seus projectos de doutoramento, determinados a partilhar informação sobre o seu trabalho.
André Carvalho, engenheiro industrial e investigador do MIT Portugal, estuda organizações e a sua capacidade de adaptação às mudanças, centrando o foco na tecnologia. No seu projecto, que acaba de iniciar, explora conceitos da cultura organizacional, excelência operacional e agilidade nos contextos de mudança permanente que põem à prova a capacidade de funcionamento das empresas. Presente em todas as organizações, a tecnologia é uma ferramenta de flexibilização, criatividade e aumento de desempenho, mas em contextos organizacionais mais convencionais e rígidos, a tecnologia pode tornar-se um problema.
Problemas. Aqui está algo que faz parte do quotidiano científico da Madalena Esteves. Farmacêutica de formação não hesitou seguir a carreira de investigação movida por uma curiosidade: como é que algo tão simples, como a interacção entre neurónios, pode levar a comportamentos e emoções tão complexos. A investigadora do Instituto de Ciências da Vida e da Saúde integra o grupo de neurociências e desde 2014 está a desenvolver estudos que abrem portas para o diagnóstico e tratamento de doenças obsessivo-compulsivas e vícios (álcool ou jogo, por exemplo). Madalena estuda a importância dos dois hemisférios (esquerdo e direito) do cérebro humano na realização de tarefas cognitivas como o raciocínio, a memória ou a imaginação e como tudo se interliga no dia-a-dia com a tomada de decisões.
Uma existência programável? Sim, é possível e Sandra Costa tem uma boa história para contar. No seu projecto de doutoramento, esta engenheira electrónica trabalhou com um robô humanóide chamado Zeca que veio dos Estados Unidos da América para ajudar crianças com autismo a conseguirem reconhecer emoções. O Zeca revelou-se uma promissora ferramenta complementar à terapia demonstrando-se que a interacção entre robôs e seres humanos no desenvolvimento de competências sociais e emocionais é viável.
Cada investigador terá dez minutos para apresentar os seus projectos e sujeitar-se a 20 minutos de perguntas por parte do público. No jogo das perguntas e respostas pretende-se que o resultado seja enriquecedor para quem faz ciência e para quem dela participa.
O PubhD (de pub + PhD) é um movimento de divulgação da ciência que surgiu em Nottingham (2014) e chegou a Portugal em 2015 (Lisboa). Em 2016, por iniciativa do STOL – Science Through Our Lives, do Departamento de Biologia da Universidade do Minho começou a realizar-se nas cidades de Braga e Guimarães.